Nissan Frontier S: primeiras impressões


Versão mais barata da picape tem motor menos potente e câmbio manual. Mas equilibra muito bem conforto com a vocação para o trabalho pesado. Nissan Frontier S Guilherme Fontana/G1 Zeca Pagodinho exalta a simplicidade e a origem humilde em “Deixa a vida me levar”, uma de suas canções mais famosas. A música certamente serviria de trilha sonora para a Nissan Frontier S, configuração mais básica da picape média. Ela é despojada de praticamente todos os luxos. Suas rodas são de aço, e não possuem sequer calotas. Capota marítima, protetor de caçamba, estribos laterais, retrovisores e maçanetas na cor do veículo também reforçam a lista de ausências. Veja 60 lançamentos esperados para 2020 Retrovisores e maçanetas são em plástico preto na Frontier S Guilherme Fontana/G1 Até o rádio Pioneer que ilustra as fotos do interior é vendido como acessório pela Nissan. Nem mesmo o motor escapou da “simplificação” generalizada. Em vez de duas turbinas, o 2.3 de 4 cilindros a diesel tem apenas uma. Isso significa 30 cavalos e 4,9 kgfm de torque a menos, somando 160 cv e 41 kgfm. Para a configuração mais simples, nada de câmbio automático. A Frontier S é a única a sair de fábrica com câmbio manual de 6 marchas. Tabela de concorrentes da Nissan Frontier Guilherme Fontana/G1 e Divulgação A Frontier S pode ter nascido para o trabalho pesado. Mas será que pode ser usada como veículo de lazer? O G1 avaliou a configuração mais simples da picape da Nissan. Por R$ 140.900, ela não maltrata tanto o bolso do comprador. Seu preço é R$ 57 mil mais baixo do que a Frontier LE, opção mais cara da linha. Pouco mais do que o básico Interior da Nissan Frontier S Guilherme Fontana/G1 Mas é preciso dizer que a Nissan básica traz, ao menos, equipamentos que garantem conforto para os ocupantes. Há direção hidráulica, ar-condicionado, computador de bordo, retrovisores elétricos e vidros elétricos nas quatro portas. O pacote de segurança inclui controles de tração e estabilidade, controle de descida e auxílio em rampas. A turma do banco de trás conta com porta-copos no encosto central e saída de ventilação. Além dessas “mordomias”, a Frontier ainda tem painel da porta com forro parcial em tecido – melhor até do que o Volkswagen Jetta, por exemplo. Painel das portas traseiras tem tira de tecido Guilherme Fontana/G1 Se quiser, o cliente pode incluir alguns acessórios. O rádio Pioneer, com conexão Bluetooth e entrada USB, sai por R$ 418, enquanto protetor de caçamba e capota marítima custam R$ 2.441. Se quiser melhorar o acesso à cabine, por R$ 846 é possível incluir estribos laterais. Porém, essencial mesmo é o sensor de estacionamento, que custa R$ 1.132. Afinal, mesmo os motoristas mais habilidosos terão dificuldade em manobrar os 5,26 metros de comprimento. Coração nobre Ainda que a ausência do sensor torna as manobras mais difíceis, a dirigibilidade da Frontier S surpreende positivamente. É a redenção da picape “basicona”. Mesmo sua direção não sendo tão leve (só Ranger e S10 têm assistência elétrica no segmento), a Frontier cativa pelo comportamento suave. Os longos engates do câmbio manual de 6 marchas não são uma surpresa. Mas seus engates, ao contrário das expectativas, são bastante precisos. Câmbio manual de 6 marchas tem alavanca longa, mas com engates fáceis Guilherme Fontana/G1 Por ser a mais leve entre todas as Frontier, com 2.030 kg, os 30 cv a menos parecem não fazer falta. O desempenho é muito bom, principalmente porque o motorista pode gerenciar melhor a potência retardando ou antecipando as trocas de marcha. A Frontier S ainda conserva a peculiar arquitetura da suspensão traseira, do tipo multilink – bastante incomum para picapes montadas com carroceria sobre chassi. Ela garante maior conforto aos ocupantes, sacolejando menos ao passar por terrenos irregulares. Rádio é opcional na Frontier S, mas picape oferece saídas de ventilação no banco traseiro e tração 4x4 com auxílio de descida Guilherme Fontana/G1 Outra marca registrada da Nissan, os bancos são bastante confortáveis, ainda que o tecido pareça de qualidade não tão boa. Apesar de ser uma versão menos equipada, o isolamento acústico é bom para um veículo desta categoria e que roda com diesel, normalmente mais ruidoso. Melhor ainda é o consumo. Durante o teste, a Frontier S registrou ótimos 12 km/l urbanos, passando de 13 km/l na estrada. Os números são superiores até em relação aos que a Nissan divulga: 9,3 km/l no ciclo urbano e 10,2 km/l no rodoviário. Tamanho é documento? A Fronter S anda bem, tem bom consumo de combustível, e, embora tenha uma “embalagem e conteúdo” modestos, é agradável de dirigir. Seu preço também a coloca como uma das melhores opções do segmento. Sua grande concorrente é a Ford Ranger XL 4x4 com câmbio manual – assim como a Nissan, uma das poucas opções do mercado que reúne essas configurações de câmbio e tração. A picape mais simples da Ford custa menos, R$ 135.690, mas não tem vidros elétricos. Por outro lado, tem direção elétrica e rádio com comandos no volante, além de poder levar 118 kg a mais na caçamba. Seu motor 2.2 tem potência semelhante, 160 cv, mas um pouco menos torque – 39,3 kgfm. Entre as demais picapes médias, apenas a Mitsubishi L200 Outdoor se aproxima em preço. Vendida por R$ 139.990, ela entrega mais equipamentos, além de um motor mais potente (um 2.4 de 190 cv). S10 (R$ 171.690), Hilux (R$ 151.990) e Amarok (R$ 156.290) são bem mais caras. Quem também acaba se “intrometendo” nessa faixa de preço é a Fiat Toro, que traz motor 2.0 diesel de 170 cv e 35,7 kgfm, mas câmbio automático de 9 marchas. Sua versão de entrada, com esse conjunto mecânico, custa R$ 134.990. Nissan Frontier S não tem protetor de caçamba; picape pode carregar até 1.000 kg Guilherme Fontana/G1 Só que ela é bem menor. São 4,95m de comprimento e 2,99m de entre-eixos. A capacidade de carga, de 1 tonelada, é praticamente a mesma, só que o volume da caçamba é bem menor. E o tipo de construção também é outro. A Toro é uma picape monobloco – arquitetura semelhante à dos automóveis. Acaba sendo mais confortável do que as picapes, feitas com carroceria sobre chassi. Mas não se sai tão bem na hora do trabalho pesado. Não desaponta É nesse ponto que a Frontier se destaca. Ela tem ótimo equilíbrio entre robustez e conforto dos ocupantes. Mesmo sendo simples, beirando o espartano, a picape da Nissan é agradável de guiar, além de ter equipamentos e acabamento condizentes com seu preço. Considerando que não é difícil picapes a diesel ficarem próximas dos R$ 200 mil, chega a ser um alívio ver que há opções com preços mais amigáveis. Ainda que, para isso, seja preciso abrir mão de cromados e couro. Nissan Frontier S Guilherme Fontana/G1

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